Solo Em Água Fervente no site Catarse!

O espetáculo de dança contemporânea Solo Em Água Fervente está no site Catarse e conta com teu apoio!!
http://catarse.me/pt/projects/394-solo-em-agua-fervente#about

Aproveite as recompensas: sessões de massoterapia, aulas de educação somática, fotos que volta e meia chegam na tua casa pelo correio e te fazem uma agradável surpresa, cartões postais artesanais confeccionados com lindas fotos, performances artísticas… e claro, o agradecimento do Caracol DeDanças ECenas, por tu ter ajudado na realização de seu primeiro projeto!!

O site Catarse oferece um sistema simples e seguro para colaborar com um projeto, com qualquer quantia. Acesse o link e entre em catarse com o Caracol!

ESTRÉIA o espetáculo de dança Solo Em Água Fervente

   Dia 5 de novembro é a estréia do espetáculo de dança Solo Em Água Fervente, 21 horas, na Sala 400 da Usina do Gasômetro, Porto Alegre, RS.     A ENTRADA É FRANCA

Solo Em Água Fervente

Coreografia: Luciana Hoppe

Bailarina: Maria Albers

Cenografia: Juliano Rossi (Grupo Mosaico Cultural) e Claudia Wenzkowski

Trilha sonora pesquisada: Luciana Hoppe e Cristiano Oliveira (Entrevero Produções)

Desenho de luz: Fabrício Simões

Produção: Caracol de Danças e Cenas

Arte gráfica:  Janaina Dalla Vecchia (Itinerante Produções)

Fotografia: Kin Viana

Projeto Procuram-se Coreógrafos

O Projeto Procuram-se Coreógrafos vem dando início aos trabalhos do Caracol, em parceria com Luciana Hoppe nesta primeira edição. O resultado desta edição é o espetáculo Solo Em Água Fervente, que estreía dia 5 de novembro.
Este projeto surgiu para matar a vontade de Maria Albers de dançar, para fazer andar o Caracol e para abrir espaço para novos coreógrafos; e por estes três mesmos motivos, é que o Projeto terá vida longa em novas edições…! 

O Projeto Procuram-se Coreógrafos, do Caracol de Danças e Cenas, foi lançado em novembro de 2010, quando, sentindo-se distante do circuito de dança portoalegrense, do qual tanto já participara, Maria Albers sentiu uma enorme vontade de dançar.

Maria lançou, então, um email para uma lista de possíveis coreógrafos, diretamente extraída de sua lista de contatos da caixa de emails pessoais. Nesta lista, havia desde coreógrafos experientes até colegas de cena que ainda não tinham assinado uma coreografia.

Ao mesmo tempo em que era concedida liberdade total quanto a temática, linguagem, espaço cênico etc, havia algumas regras que deveriam ser observadas por quem assumisse o desafio: que fosse um solo, que pudesse ser colocado junto na bagagem de uma viagem próxima, algumas outras regras que não foram obedecidas nem mesmo pela propositora e, por fim, que a produção seria feita pelo Caracol de Danças e Cenas, um ser que àquela época ainda era embrionário.

Houve interessados, houve os que parabenizaram a iniciativa, mas quem de fato acabou se consolidando como coreógrafa foi Luciana Hoppe. Luciana Hoppe, bailarina portoalegrense, natural de Santa Cruz, formou-se com Maria na Graduação em Dança da UERGS/FUNDARTE e desde o primeiro semestre já trocaram figurinhas.

A proposta coreográfica de Luciana foi inspirada no filme Sobre Cafés e Cigarros (2003), de Jim Jarmush. O filme consiste em várias cenas curtas que envolvem pessoas, cafés e cigarros… envolvem também momentos de silêncio, de esgotamento de assuntos, de situações de vazio e pausa e da ansiedade que as acompanha. A ansiedade de que algo aconteça faz com que as personagens reajam, como se a pausa servisse de agente que potencializa emoções. Cigarro e café se tornam objetos narrativos que permeiam o diálogo com o vazio. Segundo observou Luciana, os cafés e os cigarros tinham a função de preencher o vazio que invadia uma conversa, uma situação, e driblar a angústia que esse vazio provocava. Não os cigarros, nem os cafés, mas o vazio, a pausa e o silêncio foram, então, o mote inicial para a exploração coreográfica que o filme inspirou.

Ao longo do caminho surgiram diversas perguntas: Como a pausa se torna vetor de movimento? Será que existe pausa? O que vem antes: pausa ou movimento? De acordo com isso, escreveu Luciana: “Vejo a pausa como um momento de vazio. O corpo é convidado à escuta. Os fluxos internos preenchem essa pausa-vazio e ao mesmo tempo inundam o corpo de sensações e sentidos. Fomos descobrindo que os fluxos internos, mais do que ajustes, são um movimento líquido.”

Decidiram olhar para esse vazio, até então sinônimo de angústia, com mais curiosidade e generosidade. E lembraram que, segundo Robert Dunn, o vazio podia ser entendido como um vazio positivado, que é cheio de possibilidades. Vasculharam vazios na alma, no raciocínio e no corpo. Entenderam que os órgãos, se vistos como cavidades ocas, como os vazios no corpo, possibilitavam a transferência de líquidos e que assim o corpo se colocava em movimento, seguindo a apropriação metafórica da anatomia sugerida pelo Body-Mind Centering®. Esses líquidos são carregados de emoções, ou são as próprias emoções e o vazio é um lugar que exige atenção, para que se escute/sinta o que nele acontece…  Solo Em Água Fervente estréia dia 5 de novembro, às 21h, na Sala 400 da Usina do Gasômetro, Porto Alegre, e mostra o recheio de um corpo vazio, os movimentos da pausa e o que o silêncio quer dizer quando ele fala mais alto.

O espetáculo permanece em cartaz durante os dias 6, 12, 13, 19, 20, 26 e 27, sempre às 21h, na Sala 400. Maiores informações: caracoldedancasecenas@gmail.com

 

 

 

 

Caracol deixa o rastro entre os Jokers

Joker Psique, de Alessandro Rivellino  Em 1º de setembro o Caracol esteve com os Jokers, que a princípio é um, mas que é vários.  Criaturas multifacetadas lideradas por Alessandro Rivellino. Joker Psique é uma escala geométrica de faces: se de um são vários, desses vários são ainda mais.

O que eu gosto dos Duas Caras é que eles sempre reservam uma surpresa. Ouvi bailarinas cantando, filmando, sonorizando, virando Taís, virando relógio; atrizes que morrem, que iluminam sem aparecer; equipe técnica  que dança; um solista que não está só, personagem de si e de outros… um Caracol andando em círculos. Por fim, um comentário sobre a cena feito por quem está em cena. Aguçam-se os sentidos além da visão, abandona-se um olhar quadriculado, o observador-participante precisa de foco. Resgate

Preciso me transportar pra lá. Estou virada de costas, os pés no chão. Meu corpo todo dói e acha que está ficando doente. O público entra a cada 4 ou 5 min, embora isso não queira dizer absolutamente nada: o tempo ainda está em suspenso. Continuo de costas. Depois do terceiro pin é que eu finalmente viro um ponteiro esguio e começo a girar, com o tônus angustiado, pesado e severo que sempre coube aos ponteiros. Que não param e não fogem, porque não podem.

Sinto nas palavras de Alessandro que ele olha o público com generosidade e se utiliza do deboche para os instantes em que ainda é preciso uma máscara para estar em cena. O público gosta, entra no jogo. As cenas às vezes se arrastam. Nesses momentos eu me sinto forte e sinto que tenho algo a ver com isso, pois eu sou o tempo, e arrasto para não me sentir arrastada.

Aquele ponteiro deslizante que fui não sai de minha memória corporal. Eu fui tão calma, na elegância de meus passos, de meu vôo. Um vôo que se alastrou e carregou tudo à volta. E vestida de calma que aproveitei para ser agressividade, sugando cada cena e seus segundos para dentro de um saco… até o fim. Sem perdão. Mas, naquela calma, eu escondia não só o desespero de ir sem ter onde chegar, mas também a triste verdade de que eu não tinha o poder sobre coisa alguma. Eu estaria ali, a girar, quem sabe eternamente, segundo os caprichos de quem mais estivesse em cena. Gargalhei com meu balanço quando me percebi tão frágil naquela solidão de ponteiro dos minutos, de quem acha que tem a todos, mas é eternamente só e servil. Gargalhei com meu balanço quando senti que em algum canto daquela sala, um Joker ria de mim.

Alessandro Rivellino conseguiu fazer de piadas infames uma cena engraçada; de estratégias batidas, uma crítica a elas; dele mesmo, um personagem.  Com cenas tristes ele despertou o riso, quando ele riu, eu chorei. Foram,  mais ou menos, 100 minutos que teci, um após o outro, para Jokers em homenagem a Jérome Bell, em homenagem às dúvidas e aos enganos do tempo, dos homens e das coisas.